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"Eu bebo... Sim?"

Rogéria Gontijo - rogeria@ipsm.gov.br


1ª parte
Você já se perguntou o que sabe sobre o “Alcoolismo”?

Durante muitos séculos o alcoolismo não foi reconhecido como uma doença ou um problema de saúde, estando o álcool sempre presente em rituais e comemorações. Por sua promessa de descontração rápida e fácil, ele sempre foi(e é) requisito fundamental em reuniões sociais festivas, onde geralmente acontecem as primeiras situações de consumo abusivo.

Talvez por esse recobrimento festivo, tenha se tornado necessário distinguir o dito “bebedor social” do dependente, uma vez que este, na maioria das vezes, não se reconhece como tal, alardeando sua onipotência sobre o seu consumo. “- Paro de beber quando quiser.’ A questão é que esse “querer” nunca chega. Enquanto isso, o sujeito sofre de conseqüências do consumo: morbidez biológica, disfunção sexual, transtornos alimentares e do sono, além de desajustes familiares, sociais e profissionais.

O sujeito que de início tinha no álcool seu aliado, que o encorajava, o tornava loquaz, divertido e forte, agora, submetido a ele, vê suas possibilidades minguadas. O álcool o enfraquece e até expõe o sujeito ao ridículo.

O sujeito vai-se alienando no alcoolismo, até restringir-se a um rótulo: alcoolista! Nesta condição a sociedade o trata como intolerável, a-social, improdutivo.

É aí que devemos pensar em uma das características mais marcantes do dependente alcoólico – a baixa auto-estima. Eles sentem-se desqualificados e indignos de responsabilidades. Seu limiar à frustração é baixíssimo. Na maioria das vezes abstêm-se de emitir opinião a respeito de assuntos que, até, dominam, para furtarem-se da expropriação pública.

Suas defesas encontram-se minadas, e o caráter moral, que reveste a dependência, faz com que o alcoolista seja visto como alguém de “personalidade fraca” que “verga” ante as dificuldades da vida. Seu ato de embriagar-se, tomado como covardia, acaba por despertar sentimentos de pena, de dó, que em nada contribuem para uma evolução dessa situação. Pelo contrário, reiteram e promovem a cristalização do sujeito neste lugar alienado e patológico.

O sujeito assim, vai se identificando aos vários nomes que lhe são atribuídos: “pé-de-cana”, “pudim de cachaça”, D-34(dedo 34), passando a responder, a tudo que lhe é dirigido desse lugar, desconsiderando o desconforto que esta escolha acarrete.

Continua na próxima edição.

Rogéria Oliveira Gontijo, é bom-despachense, Psicóloga Sistêmica, e entre suas atuações está o trabalho desenvolvido junto a equipe do Centro de Referência do Alcoolismo da PMMG.

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